Você já deve ter ouvido falar, ou lido, que os pesquisadores da evolução humana dividem nossos ancestrais usando, entre várias características, o tamanho do cérebro. Assim sendo, os Australopitecos que viveram há uns 3 milhões de anos e tinham cérebros de tamanho semelhante aos dos símios, como o chimpanzé, nem merecem estar no gênero Homo, ao qual nossa espécie pertence. Mais tarde, cerca de 2,3 milhões anos atrás, segundo indica o registro fóssil, surgiu o Homo habilis, esse já com o privilégio de pertencer ao nosso gênero. Ele possuia um cérebro significantemente maior. Depois de uns 500 mil anos, surgiu o Homo erectus, que era quase um Homo sapiens, mas possui, entre outras pequenas diferenças anatômicas, um cérebro menor. E, mais recentemente, há cerca de 200 mil anos, surgimos nós, os humanos, como conhecemos hoje.
Ups, não... não exatamente como conhecemos hoje... Pesquisadores do tema tem se debatido com evidências de que o cérebro do Homo sapiens, sim, o nosso, tem diminuído nos últimos 30 mil anos. A redução já chegaria a 10% e como os pesquisadores acham que não estamos ficando menos inteligentes (eu, pessoalmente, tenho muitas dúvidas sobre esse ponto...), estão perplexos. Tanto cérebros de homens e de mulheres tem se mostrado menores, quando comparados com os encontrados na Europa, Oriente Médio e Ásia.
Um pesquisador da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, estudou a evolução do tamanho de crânios que tinham entre 1,9 milhões e 10 mil anos de idade e concluiu que a medida que a densidade populacional cresce, o tamanho do crânio diminui. Isso se deveria a uma divisão de trabalho mais eficiente, que emergiu com as sociedades mais complexas.
A verdade é que os Neandertais também tinham cérebros maiores que nós e até recentemente não eram considerados especialmente inteligentes. Parece, entretanto, que eram...
Outra explicação é que nossos ancestrais se desenvolviam de forma diferente da nossa e nós teríamos formas mais sofisticadas de inteligência. Para corroborar essa explicação, há o caso dos animais domésticos: um lobo tem o cérebro maior do que o de um cão, mas esse último seria mais sofisticado e mais esperto. Ou o caso dos chimpanzés e bonobos: os primeiros têm um cérebro maior que os últimos, mas são mais violentos e mais agressivos. Seriam mais inteligentes?
Agora, de duas uma: ou admitimos que, de fato, a inteligência não está ligada ao tamanho do cérebro e teremos que revisar a classificação de nossos ancestrais ou admitimos que essa relação existe e estamos ficando mais burros...
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Robson Garrido
Biólogo/Educador Ambiental