Ursos diminuem drasticamente seu metabolismo durante hibernação

18-02-2011 08:48

 No auge do frio do inverno, eles tiram uma senhora soneca. O urso negro americano, (Ursus americanus) passa de cinco a sete meses por ano hibernando, sem comer, beber ou defecar durante todo este tempo. Se uma fêmea estiver prenhe, ela dá a luz ao filhote e volta a hibernar. Embora esse mecanismo de sobrevivência do urso e de outros animais seja conhecido há muito tempo, pouco se compreendia dos seus aspectos biológicos.

Mas um estudo da Universidade do Alaska apresentado hoje (17) durante a reunião da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, (na sigla em inglês, AAAS) mostrou que os ursos são surpreendentemente sofisticados nesta estratégia de sobrevivência, diminuindo três quartos de seu metabolismo em seu período de hibernação. É a primeira vez que cientistas descobrem uma diminuição tão drástica em mamíferos que hibernam. E mesmo após acordarem, na primavera, o metabolismo ainda continua baixo, só voltando em seu valor normal durante o verão. “Foram duas ou três semanas para se recuperarem, enquanto animais menores, como esquilos, demoram apenas um dia para voltar ao normal depois da hibernação”, explicou Oivind Toien, um dos pesquisadores envolvidos na experiência.

Já era fato conhecido que a temperatura corporal também varia, mas os pesquisadores conseguiram estimar com precisão essa mudança: de 30 a 36 graus Celsius, em intervalos de dois a sete dias. É uma mudança mais suave, pois no verão a temperatura corporal chega no máximo a 38 graus. Ao chegar ao valor mais baixo, o corpo do urso começa a tremer até o corpo ficar mais quente.

Tudo isso foi possível porque o departamento de caça e pesca do Alasca capturou um grupo de animais saudáveis que estava ameaçando comunidades locais, e os animais foram levados a um centro de pesquisa, onde suas tocas foram recriadas com fidelidade, longe de seres humanos, e equipadas com câmeras infravermelhas, sensores de movimento e transmissores de rádio foram implantados nos ursos, para registrar a temperatura, batimentos cardíacos e atividade muscular.

Uma das fêmeas teve um filhote durante o período de estudo, e os cientistas descobriram que enquanto estava prenhe, seu metabolismo não se alterou. Depois do nascimento do ursinho, no entanto, sua temperatura e metabolismo caíram aos níveis dos outros animais.

O batimento cardíaco dos animais também se alterou significativamente: dos normais 55 batimentos por minuto para 14 por minuto. A respiração também se desacelerou: os ursos podiam levar 20 segundos entre cada inspiração e expiração.

Brian Barnes, principal autor do estudo, acredita que o próximo passo está em entender a base genética desse comportamento, e como os ursos conseguem baixar tanto seu metabolismo e ainda assim continuar vivos e funcionais. “Eles não perdem massa muscular ou óssea como acontece com um ser humano ao ficar imobilizado tanto tempo,” disse durante coletiva em Washington. “Agora estamos interessados em descobrir os sinais moleculares que ativam essas mudanças, pois entender este mecanismo pode ajudar em novas terapias para prevenir atrofias musculares, osteoporose e até mesmo criar mecanismos que viabilizem viagens espaciais tripuladas de longa duração”. (Fonte: Portal iG)

 

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